Coloca a alma na janela
e a luz que adentra por ela
descongelará o frio que ficou.
Quebra seu silêncio,
solta sua fala.
Há tanto a dizer:
tudo o que calou.
Liberta o que resvala,
verdade que abala,
motivo a que se rende.
Nada é para sempre.
O bem também acaba.
Não deixe que se vá
trilhar o mesmo trilho.
Agarra-se ao que edifica,
faz feliz e dignifica.
Escolhe outras cores,
viva outros amores,
muda as fragrâncias,
as flores,
dá novo sentido à vida.
Sai da zona de conforto,
desfaz os entrelaces
do que está morto.
Mergulha nas emoções,
ousa os turbilhões,
ancora em outro porto.
Abraça as chegadas,
acena às partidas,
busca o que precisa.
Sorri,
vive,
persegue o que creu
para que não se arrependa
de tudo o que ,um dia,
poderia e se perdeu.
jul 13 2022
Felicidade!
jul 13 2022
Minha Poesia!
Junto-me à sensibilidade
e à tudo o que lhe faz parte:
o suave desabrochar da flor,
a beleza infinda do final da tarde,
à rima que se perde à revelia
e se arrima onde explode a euforia.
Ao verso que quer se declarar
e, de repente,
fala sem falar.
À angelical bailarina,
à arte que predomina
e desalinha o próprio coração
descompassado por tamanha devoção.
À canção que virou saudade,
com acordes que me persuadem
induzindo-me através do tempo
e passando devagar
por onde já nem lembro.
Junto o amor e a dor.
amar é sorrir,
é chorar.
À alma vigilante e inquieta do poeta,
usurpador de sonhos,
caçador de fantasias.
Às cores outonais da nostalgia
pincelando as manhãs da estação
embaçadas de orvalho
e de paixão.
E assim vou compondo.
minha poesia.
jun 19 2022
Manhã!
Amanhece.
Entrego-me aos braços da manhã
confiante na luz a me banhar.
Clarão.
Aninho-me em seu colo.
Decolo.
Alma desprendida alcança o céu
e o traz para dentro de mim,
e o faz fazer parte de mim:
liturgia ungida de sacramentos.
Portas abertas,
meu corpo é templo
a contemplar a letargia do momento
sacro,
na fé que em meu corpo guardo,
ainda que todas as mazelas do tempo
destoem a oração do dia,
a homilia,
surdas aos cânticos melodiosos da manhã,
à brisa que sopra a ternura do amor,
manto divino onde abrigo meu interior.
Regressa.
Com suavidade,
sem pressa.
Sua luz não escurece.
Perpetua-se em cada coração.
Resplandece em cada oração,
na esperança que o dia oferece.
Manhã que nasce feito prece.
jun 16 2022
Somos!
Invade a minha vida,
preenche o meu contexto,
poetiza-me em tua alegria,
protagoniza o meu texto.
Colore a minha paisagem,
reacende luzes apagadas,
sejas o sol de todo dia,
incandesce minhas madrugadas.
Floresce meu canteiro triste,
vibra o ardor que em mim existe,
ruboriza o tom vermelho,
refletindo teu corpo em meu espelho.
Ama-me de todas as formas
em cada instante,
o tempo inteiro.
Sou tua vontade,
tua fome,
tua metade.
Somos recomeços
dos amores verdadeiros.
jun 12 2022
Enamorada!
Quero entardecer contigo
ser o teu abrigo,
o final da tarde,
o teu arrebol,
onde cores descoradas,
fracas,
embaçadas
tornam-se caiadas
sem a luz do sol.
E, na linha do horizonte,
onde o céu se funde
com a terra ou o mar,
pendurar todos os versos
que a própria vida
vem nos ofertar:
eterna enamorada!
jun 12 2022
Coração Desajuizado!
Meu coração atrevido
desconhece as leis da vida,
a gravidade que nos alicerça
nessa incrível viagem:
voar,
levitar,
pousar,
mudar de patamar.
Por mais que tenha vivido
nunca se vê abatido,
ainda impulsiona o ir
embora o físico,
sem ar,
queira ficar.
Não sabe que o tempo passa
e a pulsação descompassa,
enrosca-se nas entranhas
das ousadias,
nas retrancas
das finitudes de sonhos
e utopias.
E o coração insiste,
jamais desiste.
Atém-se ao que prevalece,
ao que regozija
e entorpece,
certo de que assim não envelhece.
Quer pulsar,
explorar,
conquistar.
Rende-se à tentação turbulenta,
à sedução das paixões fraudulentas
que avassalam e se vão,
mas sempre deixam lição.
Capta qualquer emoção.
Acelera o ritmo,
sem noção.
Encanta-se com quase nada:
a brisa que passa,
um sonho de valsa,
um beijo,
uma flor.
Vive o que o conforta,
o que lhe importa.
Coração desconhece razão
por ser tão limitada.
Rígida na partida,
precisa na chegada.
Vai, coração,
embarque na fantasia,
viva o que o extasia.
Vai onde hoje não posso ir.
jun 11 2022
Sem rédeas!
Solto as rédeas.
Deixo o pensamento
comandar o momento.
O importante é me entregar,
decolar desse porto sem cais,
abandonar o navio,
o vazio,
caóticas e insolúveis situações.
Ir onde ele bem me levar
sem temer o que virá,
o que verei,
o que será.
Roletar direções,
represar previsões
que erram a todo instante,
incorrendo em tempestades
as imprevisões diárias.
Por ora,
viajo com meu pensamento
liberando endorfina:
combustível para meu pensar;
oxigênio para meus neurônios,
sem saber onde vai dar.
Circundando a rosa dos ventos
tatuada no tempo,
em sonhos e irrealizações,
disperso poemas,
sentimentos guardados,
chorados,
calados,
inerentes aos temas
que já não estão sobre as mesas.
Um pouco acima do chão
deixo um vão
entre o abstrato e o concreto.
Talvez uma passagem
para algum amor secreto:
um decreto publicado em poesia
em pleno trajeto.
Voo com meu pensamento
até onde possa voar.
Com ele tenho alento,
paciência para me adaptar.
E volto resiliência,
apta a continuar.
maio 19 2022
Rupturas!
De repente, a expulsão.
Rompe-se o cordão,
o calor daquele abrigo.
A união umbilical
rompida pela contração.
O frio,
o desconforto,
o susto que faz chorar,
o ter que encarar
a separação.
O mundo.
De repente,
cerra-se a cortina,
muda-se o cenário,
embaçam-se as luzes,
tremula a ribalta
de um palco improvisado:
perguntas impertinentes,
respostas não condizentes,
personagens alternadas,
história remexida,
show irreverente.
A vida.
E as rupturas se vinculam.
Começo de caminhada,
o papel,
as linhas tortas,
o branco sendo tingido,
o sentido das palavras,
o destino a se cumprir,
o tempo a exigir.
O tempo.
Fase da colheita.
Colher o que se plantou.
O cultivado, permanece.
O resto, esmorece.
Bem que se pudesse
o tempo pararia.
Uma nova chance.
Começar o novo.
Não, de novo.
Carpe Diem.
Vem o cansaço,
o descompasso,
o desejo de parar
e a vontade de chorar
as partidas,
despedidas,
amigos,
entes queridos,
sonhos não vividos
truncados pelos caminhos.
A realidade.
Saudade.
Às vezes,
a felicidade.
Momentânea,
raridade.
De soslaio ela invade
e se vai sem alarde.
Reta de chegada.
Fim da caminhada.
Início de outra jornada?
Atrela-se a ruptura.
A última,
derradeira:
ou seria a primeira?
Maktub.
abr 29 2022
Teu Silêncio!
Olho-te bem devagar.
Há sempre uma verdade
a ser descoberta,
uma porta fechada,
uma janela entreaberta,
uma luz apagada,
um brilho varando pela fresta.
É preciso desvendar detalhes,
tocar teus limites,
trocar nossos olhares,
concedermo-nos nos ver
e, até onde me permites,
conhecer o que omites,
o que não deixas transparecer,
tatear o que me escondes,
desabotoar tuas pausas,
compreender tuas causas,
aceitar-te como és.
E no silêncio da resposta
que me percorre e corrói
mergulhar em tua fala
gritante,
berrante,
calada,
que dói
mas que ama!
abr 09 2022
Apelo!
Venha!
Venha mais cedo!
Venha olhar-me nos olhos
antes que fujam,
envergonhados,
por alguns fragmentos
de desejos ousados.
Venha!
Tenho para você
a essência que invade a penumbra.
Tenho o aroma
dos seus lençóis preferidos.
Os mesmos
que recendem o infinito
e reacendem intensidades.
Sei de você
antes que se apresente.
Apenas sei.
Então, venha!
Venha sorrir comigo
sem saber a razão.
Traga-me os seus toques,
seus traços únicos.
Cruze a linha invisível
e torna-me,
sem recear,
eternidade sua.
Maria Luiza Faria