Olho-te bem devagar.
Há sempre uma verdade
a ser descoberta,
uma porta fechada,
uma janela entreaberta,
uma luz apagada,
um brilho varando a fresta.
É preciso desvendar detalhes,
tocar teus limites,
trocar nossos olhares,
concedermo-nos nos ver
e até onde me permites
conhecer o que omites
o que não deixas transparecer.
Tatear o que me escondes,
desabotoar tuas pausas,
compreender tuas causas,
aceitar-te como és.
E no silêncio da resposta
que me percorre e corrói
mergulhar em tua fala
gritante, berrante, calada,
que dói.
nov 11 2018
Olhar
nov 11 2018
Faces
Tenho muitos rostos
dos quais possuí.
Difícil saber quem foi
aquele que eu quis.
Amanhã virá outro
e agora, não há ninguém.
Já não vejo mais esse rosto
que jaz perdido na multidão.
Talvez, misturou-se aos demais.
E neste cais
na completa escuridão,
já nem sei quem é.
O que mais me impressiona
é a quantidade de faces
perdidas,
impregnadas,
indivisivelmente,
inóspitas,
eu realmente quis.