Eu
sou feita de fases
de todas as faces
criadas por mim.
Sou feita de erros,
acertos,
de certezas,
incertezas.
De segredos
e medos.
Sou feita de sonhos,
ilusões,
de esperança,
desesperança.
De risos e lágrimas.
Às vezes, cubro a nudez com lucidez,
às vezes, escancaro de vez.
Insensatez?
Não sei.
Sigo no tempo que encanta,
desencanta,
falece
sem súplicas,
sem preces.
jun 29 2019
Sou!
maio 30 2019
Liberdade!
Mostrei o que sou.
O que realmente modula em mim;
fui contra as marés,
emergi de um abismo sem fim.
Cruzei linhas paralelas,
corri na contramão do vento, do tempo
e me alcancei na última estação.
Rasguei minha carne, expus meu avesso,
o meu contexto
e toda a sensibilidade verbal, emocional,
escondida em contra senso,
sufocando o bem, endeusando o mal.
Postei nua minha identidade
e toda a verdade antissocial
chocando a realidade dura.
Regorgirtei iniquidades cruas
ingeridas por razão irracional
sob forte pressão radical.
Viajo sem malas.
Sem revolta ou bilhete de volta.
Sinto-me leve, nada que me pese,
sem as alças das parafernálias
que pendurei num tempo que já teve fim.
Sigo só: melhor assim.
Insana, estranha, profana
é o que pensam e podem pensar de mim.
maio 30 2019
Capítulo ao Vento!
Há um morro a desbravar
mil tropeços no caminho
um livro que vai ao meio
e todo um céu que adivinho.
Não há mal que me demova
atalho ou encruzilhada,
meus passos voam nos céus,
respondem à voz de Deus,
chegam ao cimo da escada.
Já prefaciei os sonhos.
Dei-lhes asas de condor,
capítulos feitos de vento,
um mundo de sentimentos
e palavras cheias de amor.
maio 30 2019
Verso Mudo!
Nas saliências dos segredos
ouvem-se os brados longínquos
das vozes passadas
que nos restam na memória
e nos marcam o espírito.
Profusas palavras
ecoam pelos sentidos
vazando a razão,
preenchendo o sonho,
e, num verso ausente,
entregamo-nos unos,
inquietos, perfeitos.
Silenciamos o compasso
do coração perene,
e nada nos resta,
para além da vida e do amor.
fev 16 2019
Poesia!
Poesia é um encantamento:
fala de amor mesmo que em lamento.
No silencio ou na melodia,
com o coração aberto ou rasgado
e mesmo com o peito apertado
o poeta perfuma os versos de amor.
Em ondas de vento,
pincela flores silvestres.
O poeta sonha, delira,
chora de amor e de dor.
Toca a lua, beija estrelas,
bebe do orvalho.
As palavras dançam segregando sonhos,
acalentando a alma
dos amantes da poesia.
fev 16 2019
Porto!
Fica muito longe o porto onde me ancorei,
distante dos mares turbulentos e frios
um porto fincado no meu silêncio
e nas vontades guardadas.
Sim, já não se quer tanto como antes.
As lágrimas lavaram a areia dos olhos:
um cansaço do tempo.
Ainda bate um coração escasso de sonhos,
de dores que não dilaceram como antes,
hoje pulsa mais manso.
Minhas Lembranças são passarinhos ingênuos
fazendo ninhos na tempestade.
E nos oceanos das minhas paixões,
uma maré de águas silenciosas
indiferente ao barco que carrega
viaja dentro de mim
chegando onde preciso
e ancora nesse porto onde fiz morada.
Num mar mais tranquilo,
numa ilha esquecida,
num porto qualquer.
jan 11 2019
Resenha
Poemo um amor,
um sonho a dois
imaginado
agora, experimentado.
Desenho versos represados,
em nós libertados,
vivenciados.
Despetalados
nos beijos roubados,
selados,
antes sufocados.
Poema de espera,
versos vividos,
intensos,
divididos,
meus e teus
ficarão guardados.
Guardarei as canções
ouvidas ao léu.
Tão nossas
as rimas de amor,
melodia que compomos
nos dias meus e teus.
Espalhei no tempo,
diluí.
Assim, tento não sentir
a dor de não perpetuar
as resenhas que fiz,
vivi
e senti partir.
dez 05 2018
Nudez
Desnudar a alma
é mostrar-se por inteira
dissolvendo mistérios
esquecendo a sensatez
mesmo que pareça insano
e assim recuperar a lucidez.
dez 05 2018
Vento
Veio na varanda
um vento no rosto:
quase velho
quase novo.
Nesta noite
quase primavera
de um quase
inverno ameno
quase frio
quase sereno.
Veio na varanda
um vento
que trouxe
seu quase cheiro:
ambrosia
quase agridoce
quase droga
que me entorpece
me agita
e me sufoca.
dez 05 2018
Vida
Vivo como se amanhã
fosse o dia da partida.
Partida não de mim,
mas das coisas sem raízes,
fugidias,
de chegadas e partidas,
de encontros, despedidas,
de dores e alegrias,
de saudades desmedidas.
Faço de mim uma grande via,
uma via larga de idas e vidas.