Se faz presente, a liberdade.
Onipotente. Súbita. Inopinada.
Tão esperada!
Em tons de imensa beleza,
real singeleza
confronta a escuridão da dor.
Luz incandescente!
Traz esperança.
Desativa fendas expostas em solo árido da alma,
do ventre, da gente.
Pousa em duras pedras.
Semeia pétalas.
Deixa a abstração, grades de prisão.
Metamorfoseia, (e)feito borboleta!
Convida a voar.
Impacta o ar!
nov 11 2020
Liberdade!
nov 11 2020
Mudança!
Abandona o cais.
Navega.
Engole os ais.
Enfrenta as tormentas.
Tu és capaz.
Sai do ventre, rompe a bolsa.
Desliza com a expulsão.
Respira. Chora. Esperneia.
Acata os desígnios da vida.
Ela convoca; não convida.
Supera idas e partidas,
adeuses e despedidas.
Recolhe os sonhos.
Ainda há.
Basta acordá-los
e viajar.
Escancara a janela.
Observa por ela
e o mundo está lá.
Recomeça.
Um dia após outro.
Se preciso, hora após hora.
Realiza o que te aflora,
resgata o que perdeste
e te impulsiona a seguir.
Deixa pra trás
o que não volta mais.
nov 11 2020
Eclipse!
O sol espia,
provoca.
inunda,
fecunda.
evoca,
alcança cá,
acolá,
menos o aqui.
Não há como alcançar
nem mesmo um raio
consegue chegar lá.
O girassol se mostra,
aposta na manhã,
no dia que será.
Sob comandos solares
põe à prova
sua liberdade
e se prostra nos lugares
a girar.
Coração carente,
irreverente,
não vibra.
Triste,
se equilibra,
resiste,
faz sombra
e a luz desiste de entrar.
O sol lampeja
raios de vitória.
Sorri por se alastrar
coroa-se de aurora,
cores dançam em desagravo
ao eclipse humano,
ao inconsequente
ato desumano.
ago 09 2020
Indelével!
Não importa
se o aço corrói,
se o tempo maltrata,
se a vida quase escapa.
Na estética da flor
sempre haverá doçura,
uma doce ternura:
imaginário do amor,
indelével fluidez.
ago 09 2020
Encontro!
Tão bom nos lembrar
tão meu,
tão sua:
formas enlaçadas
almas cúmplices.
Tão bom te ter,
tão bom te ser:
pequenos sóis,
delicadas luas,
desejos compartilhados,
ternuras entrelaçadas.
jul 23 2020
Medo!
De despir-me das vontades
e nua de desejos e ensejos
perder minha identidade.
De desistir dos sonhos
e me imbuir de marasmos,
cultivando um amanhã enfadonho.
De mergulhar no vazio;
dele não conseguir sair
e por mais que eu tente, nele persistir.
De perder a inspiração,
vítima da síndrome do papel em branco
e fragmentá-lo com meu pranto.
De que a sombra se interponha
e me impeça de ver a luz,
o belo, o arrebol, o sol.
De que pensamentos funestos
conspirem contra mim,
no universo,
e me retornem ainda mais perversos.
De não encarar a verdade,
alienar-me à falsidade
e por mais que me custe,
mascarar a realidade.
De não ter ousado,
não ter lutado,
não ter recomeçado,
não ter acertado,
mesmo tendo amado.
Medo de não perder o medo.
jul 23 2020
Pausa!
Hoje resolvi pausar.
Fico aqui e deixo o mundo para lá.
Estática, vejo-o rodar.
Livre, com a sensação de não estar.
Leve é a impressão de levitar.
Ser (im)pensante, esquecida do instante,
Isolada do que não posso transformar.
Me volto para mim.
Sou corpo no vácuo
despejado por alguma turbulência.
Não clamo por sobrevivência.
Não chego a ser pânico nem solidão.
O meio termo define meu padrão.
Hoje tiro os pés do chão.
Afasto-me do mundo,
dou meia volta,
driblo os solavancos, os engodos, a revolta.
Sou meu próprio piloto
a resgatar micropartículas de mim.
Que a física quântica ou o
poder do pensamento
ou tudo que nos conduz,
façam prevalecer suas leis,
sem distâncias ou anos-luz,
e acelerem a teoria do fim.
(Ou recomeço).
jul 23 2020
Borboleta!
Se faz presente a liberdade.
Onipotente.
Súbita.
Inopinada.
Tão esperada!
Em tons de imensa beleza,
real singeleza
confrontando a escuridão da dor.
Luz incandescente
traz esperança.
Desativa fendas expostas em solo árido da alma,
do ventre, da gente.
Pousa em duras pedras.
Semeia pétalas.
Deixa a abstração,
grades de prisão.
Metamorfoseia, (e)feito borboleta!
Convida a voar.
Impactando o ar.
jun 19 2020
Sina!
Pleno de silêncios
um poema vermelho
se avoluma insensato
no clamor da poesia.
Palavra em queda livre
proclama danos
em questionamentos íntimos
escritos na areia.
Um poema vermelho
pleno de amanheceres
se avoluma infinito
no clamor da poesia.
Sedento de madrugadas,
desnuda-se em cálida ousadia
metáfora suicida
a acalantar destinos.
jun 19 2020
Verbo!
Feres feito espada
cravada no peito.
Tu, verbo clandestino,
que sem pudores
revela o destino.
Maldito, bendito,
consciência do infinito.
Não deixas meu sono tranquilo:
apontas meus desencantos,
com teu verbo santo.
Tu, verbo da glória
e meu profundo grito.
Hemorragia de letras
espalhadas em meu ventre.
Tu, verbo imoral,
navalha da língua,
verso decisivo.
Eu, verbo
e não apenas substantivo.