Tempo de ir se despedindo da vida,
aos poucos,
sem pressa nem letargia,
gerúndio a divagar em qualquer tempo
colhendo a safra mais esperada,
saboreando o fruto doce e oriundo
de muitos outonos belos e profundos
lacrados na memória,
na história
perpetuada de essências vibratórias,
construída à duras penas
ou em situações amenas,
em que suor e brisa compõem o aprendizado
em um morde e assopra,
ri e chora,
sonho que vai e vem
em um campo que aflora e deflora.
Tempo de diminuir a marcha,
apreciar cada detalhe que passa
pela visão de quem olha e vê,
sente e pressente
o vaivém do tempo que só vai,
não vem.
Tempo de respirar aliviada pelo que fez,
ou lamentar o que não pôde
e se desfez.
Caminhar devagar em uma entrega absoluta,
sem luta,
em um passeio que se permitiu ganhar,
na malemolência,
quebrando o ritmo do dia,
o compasso dominado pelas horas
onde cada minuto é um tempo a cumprir,
onde é punido o segundo que escapulir.
A canção,
trilha sonora,
toca suavemente lá fora
a melodia que irradia
relatos de sua história.
jul 10 2021